O líder opositor russo Lev Shlosberg, membro do partido liberal Yabloko, foi preso nesta terça-feira (10) na cidade de Pskov, próxima à fronteira com a Estônia, onde reside. A detenção ocorreu meses após o político de 61 anos defender publicamente o fim da guerra na Ucrânia e criticar o papel das Forças Armadas da Rússia no conflito.
Shlosberg é acusado de “desacreditar” o Exército russo — uma infração incluída nas leis repressivas implementadas pelo Kremlin desde o início da invasão à Ucrânia, em fevereiro de 2022. Segundo as autoridades russas, a acusação se baseia em declarações feitas por ele em janeiro deste ano, durante um debate transmitido por vídeo. Na ocasião, Shlosberg classificou a guerra como um “jogo de xadrez sangrento” e defendeu um cessar-fogo imediato: “Primeiro devemos deixar de matar gente. Se conseguirmos a paz, recuperaremos a liberdade”, afirmou.
Caso seja condenado, o político pode pegar até cinco anos de prisão.
Além da prisão, agentes do regime de Vladimir Putin realizaram buscas na casa de Shlosberg, na residência de seu pai, de 96 anos, e na sede do partido Yabloko em Pskov. Computadores e equipamentos eletrônicos foram apreendidos. Shlosberg nega ter autorizado a publicação do vídeo usado como prova pela acusação, embora já tenha sido multado anteriormente por declarações semelhantes — o que pode agravar sua pena.
Considerado um dos poucos líderes de oposição ainda atuantes dentro da Rússia, Shlosberg é alvo constante da repressão estatal. Em junho de 2023, ele foi incluído na lista oficial de “agentes estrangeiros” — rótulo usado pelo governo para classificar pessoas tidas como subversivas ou ligadas a interesses externos. Desde então, estava proibido judicialmente de deixar Pskov.
A prisão de Shlosberg soma-se a uma série de ações do Kremlin contra vozes dissidentes. Segundo organizações internacionais e agências como a Reuters, dezenas de políticos, jornalistas e ativistas foram presos, silenciados ou forçados ao exílio desde o início da guerra.
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